Arquivo: Edição de 29-06-2009
SECÇÃO: Informação |
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Gente da terra lança «outros olhares» sobre o Museu Terras de Basto O tema era o mesmo da Galeria de Fotografia – o comboio, as linhas, a partida, os materiais, os sonhos e frustrações – mas a técnica ou máquina, procurando criar a fotografia utilizaria o telemóvel, aparelho vulgarizado que qualquer pessoa hoje pode utilizar para fixar um momento, o seu especial momento na viagem da sua vida, mesmo estando simplesmente à espera … Uma exposição magnífica feita por gente da terra que abraça e lança o seu olhar sobre o nosso património, que pode ser visita de Terça a Domingo, entre as 9h00 e as 12h30 e as 14h00 e as 17h30, naquele espaço cultural do concelho. Esta é mais uma iniciativa da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto pensada para as pessoas e com a pessoas, que dá continuidade a um importante projecto cultural em curso neste concelho, no qual “as pessoas contam”. Um Museu na rota da inclusão de todos os públicos, que apresenta programas diferenciados atentos às especificidades de cada um, que é já uma referência na região. O sonho de uma viagem…numa automotora azul… O sonho de ver o Tejo, azul… Sebastião, o sonhador, o viajante…cada um(a) de nós! Todas as quintas-feiras, pela tarde, quando o sol na sua enternecedora quentura, se preparava para pôr, Sebastião, um jovem, entrava pela automotora adentro, com a ânsia fervilhando, com o sangue correndo nas veias, impulsionando todo o corpo nessa vontade. Imaginava a automotora abrindo caminho pela linha férrea, tudo correndo à sua frente, até o Tejo lhe aparecer à vista, concretizando o sonho. Assim eram as tardes de imaginação, a bordo da automotora. Cada vez mais perto do destino, cada vez mais longe de onde partiu. Esta exposição não pretende ser apenas uma ilustração às viagens fictícias que Sebastião imaginava. Para ele - a personagem desta estória -bastava entrar na estação, esperar a hora certa, olhá-la como se fosse a primeira vez, ou a última se caso fosse, se chegasse ao Tejo, seu destino. Aqui representamos uma dessas tardes, em que o viajante vestido a rigor, de mala na mão, empunhado também o sonho, se preparava para mais uma das suas viagens, tantas como as tarde que por aqui passava. -Será que algum dia viajou mesmo, será que foi desta que a viajem se tornou realidade? Fica a pergunta, a jeito de impulsionar-nos, nós que também podemos ser viajantes nesta estação, na automotora azul: - Somos só os lugares onde as viagens nos levam, ou também aquilo que trazemos no regresso? Esta, a do sonho, pode trazer-nos tanta coisa… José Duarte |