Arquivo: Edição de 31-03-2006
SECÇÃO: A nossa gente |
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ANA MARIA MOUTA FERNANDES E.B. – Já tinham casa em Cabeceiras de Basto? A.F. – Sim, já tínhamos a nossa casa o que de certa forma facilitou um pouco, mas faltava o emprego. Em todo o caso, pensámos que se as coisas não nos corressem bem poderíamos sempre voltar ao Canadá. E.B. – Pelos vistos não foi necessário. A.F. – Felizmente não foi preciso. Começámos logo a procurar trabalho. O meu marido conseguiu rapidamente. Para mim não foi tão fácil. A primeira oportunidade que me surgiu foi frequentar um curso de formação profissional de empresários agrícolas. Como os meus pais tinham terrenos, pensámos que esse podia ser o caminho. O importante era começar e encontrar alguma forma de rendimento. Mas logo surgiu a oportunidade de frequentar um outro curso de gestão empresarial que visava a criação do próprio emprego. Não perdi tempo, inscrevi-me mesmo antes de terminar o primeiro. E.B. – Achou que era mais oportuno? A.F. – Sim. Foi aliás muito útil. Aquela formação permitiu-me candidatar-me aos apoios que o Centro de Emprego dava para a criação do próprio emprego. A.F. – Não foi difícil. Tratei de toda a documentação e o Centro de Emprego de Basto concedeu-me apoio. Instalei-me no Mercado Municipal e por lá estive cerca de dois anos. Depois surgiu a possibilidade de me instalar aqui no Quinchoso onde estou, até hoje! E.B. – Porquê flores? A.F. – No princípio só trabalhava com plantas mas depressa percebi que as flores poderiam ser um bom negócio. E.B. – Como surgiu o nome Rosa Branca? A. F. – Quando preparei a candidatura ao próprio emprego tinha que escolher um nome para o estabelecimento. Como gosto de rosas e do branco escolhi este nome. E.B. – E sentia-se preparada para o comércio de flores? A.F. – Uma amiga minha tinha tirado um curso de florista no Porto e através dela fui lá inscrever-me. Uma formação importantíssima que fiz por minha conta. Foram três meses muito duros porque tinha o negócio, os filhos pequenos e a deslocação para o Porto, à noite, três vezes por semana. Ganhei conhecimentos e competências que me ajudaram muito. Hoje continuo a fazer formação sempre que posso, vou estudando e também com a ajuda do meu marido, nas horas que lhe sobram da sua actividade profissional, já fazemos jardins. E.B. – Tem empregados? A.F. – Tenho uma funcionária em “part-time” e aos fins-de-semana consigo alguns colaboradores quando é necessário fazer jardins. Brevemente é provável que a funcionária tenha que ficar a tempo inteiro. E.B. – Qual é o universo dos seus clientes? A.F. – A maioria dos meus clientes são, naturalmente, de Cabeceiras de Basto, mas tenho também clientes de Ribeira de Pena, de Celorico de Basto e de Mondim de Basto. E.B. – Como chega até eles? Faz publicidade? A.F. – Já fiz publicidade noutras ocasiões, agora são os meus clientes que vão fazendo a publicidade de que preciso. Se ficam satisfeitos, e eu faço por isso, outros virão através daqueles. E.B. – Há novos projectos para o futuro? A.F. – Continuar a dedicar-me à loja, aos jardins, mas estamos a pensar produzir flores. Temos terrenos em Asnela e a nossa aposta passa a breve prazo pela produção. Primeiro para as nossas necessidades na loja, depois... logo se vê, poderemos ir mais além. E.B. – Hoje Cabeceiras de Basto não se compara ao tempo em que teve que emigrar, concorda? A.F. – Está muito diferente. O desenvolvimento de hoje nada tem a ver com o de há vinte anos. Cabeceiras está a crescer. Há, hoje, muito mais oportunidades. Acredito muito na nossa terra. Por isso fiquei cá. Estou convencida que o futuro ainda será melhor. Tenho muita esperança. O conjunto de equipamentos e serviços que temos ao dispor da população são garantia de melhor qualidade de vida para os cabeceirenses. Aquilo que de certa forma me preocupa mais é a saúde. Quem vem de fora como eu nota bastante diferença. Mas acredito que, mesmo a esse nível, o futuro será melhor. E.B. – Nas últimas eleições autárquicas integrou uma lista à Assembleia Municipal. Considera importante a participação na vida pública? A.F. – Acho que sim. Não tenho grande tempo para dedicar à política, mas gostei de participar e voltarei a fazê-lo se for preciso. Estive em reuniões diversas, participei na campanha, foi uma boa experiência. Por:
Luis Filipe Silva |